quarta-feira, 21 de março de 2012

Saideira Incógnita


Ninguém entra em um bar para pedir uma dose de decepção.
Ninguém quer uma amostra grátis de problemas.
Ninguém espera chegar sexta-feira para ter um fim de semana medíocre.
Ninguém quer nadar em uma piscina de sangue.
Todos querem que as coisas boas inflem seus corações
explodindo tudo o que há por dentro.
Dores de estômago por causa de boas energias.
Vômitos de otimismo por todos os lados.
Há quem seja neutro e não espera por nada.
Há quem esteja no inferno e, ainda assim, queira tomar um banho de gasolina.
Há loucos e tolos que esperam em uma fila desconhecida.
Há poucos que conseguem uma vitória merecida.
Coisas ruins chegam sem pedir.
Coisas boas ficam presas em um labirinto.
Coisas que me fazem querer arranhar o meu próprio cérebro.
Coisas que se tornam difíceis de esquecer.
Tudo que tem ácido corrói: seu amor era sulfúrico.
Tudo que tem garras te golpeia aonde mais dói.
Tudo que é afiado não se deixa nas mãos de uma criança.
Tudo que eu vejo dá um jeito de iludir.
Tudo tem um fim.

terça-feira, 13 de março de 2012

Leve Minha Dor Embora


Deixo tudo ir corroendo aos poucos.
Mas não é por querer; é porque é inevitável.
A dor tem vida própria, se espalha.
Um veneno natural do próprio sangue.
Bate, bate, bate.
Tortura, tortura, tortura.
Tic tac, tic tac.
Não há tempo que resolva.
Não por ora.
Ora. Ore. Reze.
Uma mão divina tenta aparar tudo.
Em vão.
Não há nada que pare isso.
Aqui já está tudo corroído.
A dor tinha vida própria, se espalhou.
O meu veneno natural.
E tudo acaba, apenas para começar de novo.
Tic tac, tic tac.