quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Remédios


Esse deve ser um daqueles meus momentos de baixa imunidade, aonde qualquer arranhão fere até minha alma. As situações diárias lhe lançam diversos projéteis, e só assim você percebe o quanto é frágil. Uma bala de tristeza atinge o seu ombro. Seu peito é perfurado pela felicidade, mas do outro lado, sai um pequeno resto de amargura. Restam as cicatrizes de momentos que não voltam mais.
Sento sala do consultório, o médico me chama. Me olha, me examina, pesquisa em meu olhar cansado e tenta achar a resposta para a minha repentina fragilidade. Desiste de procurar a definição correta, e apenas diz:
"É só uma bactéria."
Como se uma virose fosse a culpada de todos os meus problemas.
Voltando para a minha casa, vejo as pessoas saudáveis perambulando pelas ruas, transbordando o ânimo e a alegria que me faltavam naquele dia. Vejo duas cariocas conversando, sentadas na calçada. Aquele sotaque só me deixa mais doente.
Chego, abro a caixa de antibióticos e tomo os dois comprimidos. Não vejo mudança alguma. Leio a bula. Releio. Nada. Será que o remédio é uma farsa? Um efeito placebo que falhou?
Deito pra descansar, meus olhos se fecham, mas minha mente continua aberta. A insônia me cumprimenta com sua mão gélida, e me obriga à voltar a pensar no quão eu sou frágil.
Me levanto, depois sento na beirada da cama. Olho pro relógio, e então me volto pra caixa de remédios. Penso que, se esse é um daqueles momentos de baixa imunidade, então é tudo passageiro, assim como todos os outros momentos. Penso que não há remédio melhor do que o amanhã, e que bula nenhuma vai dizer o que me aguarda no dia seguinte.
Lutei contra a minha insônia e fechei meus olhos com força. Por mais que no dia seguinte eu ainda acordasse gripado e frágil por fora, eu ao menos estaria forte e inabalável por dentro, e era assim que eu tinha que ser. O sono enfim me saudou, fazendo eu me perder em sonhos, enquanto o amanhã não chegava.






Texto feito através das sugestões de temas pelo Twitter.
#Eu, #Insônia e #Bactérias

sábado, 4 de agosto de 2012

Ponto (de interrogação)

E a minha vida vai passando por vários pontos;
Pontos de ônibus, pontos de interrogação, pontos finais.
Às vezes aparece uma vírgula ou outra, apenas para não me deixar sem fôlego.
Palavras vão roubando os diversos significados, e se acomodam em linhas na minha vida.
Mas agora, um ponto de exclamação surgiu, e sanou todas as minhas dúvidas.
Talvez agora eu possa continuar escrevendo a minha sobrevivência, sem pontos finais prematuros.