sábado, 23 de março de 2013

Homicídio Verbal

Você me mata em cada palavra dita. Mas, não é pra menos: sua mente é uma boa assassina.
Nessas horas, ninguém tem um alibi, as únicas testemunhas somos nós mesmos.
Um crime que deixa rastros no meu peito e manchas de sangue na minha memória.
Uma faixa de 'não ultrapasse' é colocada atrás de nós.
A Polícia Cármica veio nos prender. Ela quer que prestemos os depoimentos sobre o nosso martírio.
E então, você diz que tudo o que eu ouço, nada mais é do que o tiro que eu dei, o qual ricocheteou e voltou à mim. É o troco em balas que eu merecia, por tudo aquilo que já fizera antes.
Você diz que é tudo sobre a nossa dor, circulando entre a sala, se misturando ao ar. É a agonia que vem e volta, e não deixa espaço para nós respirarmos.
Mas, e se eu dissesse que a nossa dor, na verdade é toda minha? Eu estaria sendo egoísta ou solidário?

sábado, 9 de março de 2013

'While My Guitar Gently Weeps'


Sem você, eu me sinto uma guitarra sem o amplificador. É, eu sei, é uma analogia barata, mas eu não tenho culpa por não conseguir fazer tanto barulho, sozinho.
Eu usei todas as combinações de acordes que podia, experimentei diferentes ritmos, mas algo ainda faltava na minha música.
Deixei a guitarra de lado, deixei as cordas vibrarem, deixei meu coração bater em paz.
Nenhuma canção para assim, de repente. Eu seria ingênuo em pensar que com você seria diferente.
As notas voltaram à ecoar em minha cabeça, e eu abracei novamente a guitarra.
Tentei compor o refrão que faltava, mas sem a melodia da sua voz, os meus sons não tinham significado algum. Era como cochichar no meio de um tiroteio: totalmente inútil.
Desisti de fazer isso sozinho, já que as coisas funcionam de um modo melhor quando estou ao seu lado. Por dentro, eu acabei aceitando esse fato. Por fora, a minha guitarra ainda chorava, suavemente.